Burienses interessados em apadrinhar crianças ou adolescentes que vivem em entidades de acolhimento 'Casa Transitória' já podem participar do projeto - Apadrinhamento Afetivo ou Financeiro. Duas modalidades voltadas para crianças e adolescentes 'meninos e meninas' destituídos do poder familiar e com chances reduzidas de adoção.

A iniciativa é do Tribunal de Justiça e já existe em outras Comarcas. Em Buri o projeto foi criado recentemente com objetivo de proporcionar a essas crianças e adolescentes - com permanência mais alongada na 'Casa Transitória' - contato positivo com a sociedade e experiências que auxiliam no processo de valorização da autoestima.

Sem esse conhecimento externo ou seja, 'do mundo fora dos muros da instituição', ao completar 18 anos esse adolescente estará fadado a deixar o abrigo sem qualquer referência necessária para o desenvolvimento de suas potencialidades.

Apadrinhamento Afetivo | Como funciona

Os jovens acolhidos têm a possibilidade de criar laços com pessoas interessadas em ser um padrinho/madrinha, voluntários que se dispõem a manter contato direto com o “afilhado”, podendo sair para atividades fora do abrigo, como passeios, festas de Natal, Páscoa, etc. Dessa forma, são vivenciadas experiências que auxiliam no processo de valorização da autoestima.

Sem deixar de buscar o ideal, que é a colocação em família substituta, o Apadrinhamento se mostra uma ferramenta extremamente útil para possibilitar um mínimo de convivência familiar; oferecer a chance de ter uma referência externa; e proporciona oportunidades externas de lazer, tão triviais para crianças que vivem em suas famílias e tão raras para crianças institucionalizadas.

A juíza da Comarca de Buri, Drª Natália Cristina Torres Antonio explicou que; da mesma forma que o Projeto de Apadrinhamento Afetivo não obriga padrinhos/ madrinhas a adotarem os acolhidos, não os favorecem 'burlando as filas' caso haja essa intenção.

Porém ilustrou que nada impede, mediante o surgimento de - vínculos afetivos - a possibilidade de adoção por parte dos padrinhos, desde que dentro das regras e processos legais.

"Não existe um impedimento para a adoção, porém as pessoas precisam entender que não é uma forma de burla" disse a juíza.

Apadrinhamento Financeiro | Como Funciona

Consiste em uma contribuição econômica para atender às necessidades de uma criança ou adolescente acolhido, sem necessariamente criar vínculos afetivos. Há algumas variantes do apadrinhamento financeiro.

No “Apadrinhamento de Serviços”, por exemplo, os interessados realizam serviços na instituição ou fora dela, voltados à estética, cultura, lazer, educação, saúde ou formação profissional das crianças e adolescentes, inerentes à sua profissão, ofício ou talento.

Já o “Apadrinhamento Financeiro” dispensa o contato direto e é indicado para pessoa física e/ou jurídica que queira contribuir com recursos materiais, objetos, equipamentos, utensílios móveis, entre outros

" Muitas vezes a pessoa quer colaborar com aquele jovem, sabe que muitas vezes ele vai atingir a maioridade e não tem da onde partir e deseja contribuir na formação de uma poupança, pra que quando ele atinja maioridade, consiga ao menos alugar uma casa, um curso etc", ilustrou a juíza Natália.

Como ser um Padrinho/Madrinha 

Os interessados em tornarem-se padrinho ou madrinha passam por avaliação social e psicológica e recebem capacitação. O apadrinhamento não pode ser usado como caminho para burlar o cadastro de adoção – por essa razão apenas crianças com poucas chances de retorno à família biológica ou colocação em família substituta participam, após realização dos estudos técnicos adequados e tentadas todas as alternativas.

Cada uma das varas da Infância e da Juventude do Estado opta por implantar ou não os programas de apadrinhamento e define, por meio de portaria, as regras para a habilitação de um padrinho/madrinha.

Algumas unidades aceitam padrinhos/madrinhas de outras comarcas.

Fonte: Tribunal de Justiça de São Paulo
Foro Distrital de Buri
Por Buri Conectado