Candidato ao Governo Paulista, Fernando Haddad (PT) / Foto divulgação: Diogo Zacarias

1ª pergunta - Buri ocupa a 21ª posição no Estado em relação ao tamanho de seu território, atrás de Itapeva (2ª posição), Itapetininga (3ª posição) e Capão Bonito (5ª posição). Contudo, apesar de nossa região figurar entre as potências do agronegócio enfrenta dificuldades em relação ao escoamento de seus vários produtos por conta das condições das estradas. Condições que contribuem também com o alto índice de acidentes, bem como mortes. O senhor tem algum plano de melhorar as condições dessas rodovias para quem produz e precisa transportar seus produtos e garantir maior segurança para aqueles que as utilizam com frequência?

Nosso governo retomará os investimentos em infraestrutura e as rodovias de grande porte e estradas vicinais estão nesse pacote. Garantir vias segura e de qualidade para o escoamento da produção do agronegócio paulista é fundamental para o sucesso do estado como um todo. Dito isso, queremos diagnosticar vácuos de infraestrutura - estradas, portos, aeroportos, hidrovias e ferrovias, estruturas de armazenamento e processamento da produção — que comprometam a circulação de pessoas e mercadorias e propor, junto a outras pastas, projetos para sanar essas carências.

Também temos a proposta de concluir a digitalização da base de dados de todas as estradas rurais de São Paulo - iniciativa proposta por meio do programa Rotas Rurais em 2019 e inconclusa até hoje. Isso vai permitir a integração de dados de localização e logradouros com aplicativos de geolocalização. Vamos cobrir toda a malha viária do estado para investir onde é necessário e apoiar ainda mais onde a produção já é consolidada.

Ainda vamos apoiar os municípios médios e pequenos a manterem sistemas organizados de transporte de pessoas, mercadorias e produção, respeitando as especificidades locais, dando total atenção às estradas vicinais, tão importantes na vida das pessoas.

 2ª pergunta - Os hospitais regionais de referência estão em outras regiões, a cerca de 1 ou 2 horas daqui. Pacientes deixam suas cidades ainda durante as madrugadas e viajam correndo riscos, como ocorreu recentemente com uma van que transportava pacientes de Apiaí. Sem contar que muitos ficam horas longe de suas cidades e não tem dinheiro sequer para um lanche. Qual a possibilidade da instalação de um Hospital Regional em nossa sede administrativa, Itapeva? É possível?

A fila no Sistema Único de Saúde (SUS) dobrou durante a pandemia e prejudicou sensivelmente o atendimento de pacientes que buscam as chamadas cirurgias eletivas, programadas com antecedência. O número chegou a um milhão e 200 mil procedimentos atrasados em São Paulo, para você ter uma ideia. Nós queremos desafogar os grandes hospitais usando estruturas mais enxutas como os Hospitais-Dia, iniciativa adotada quando fui prefeito de São Paulo. São pequenos equipamentos onde você faz o exame, a consulta de especialidades e cirurgia eletiva de caráter ambulatorial, que é aquela que você não precisa de internação. Se você tiver uma unidade dessas para cada 400 mil habitantes, você desafoga o hospital regional e faz a fila andar numa velocidade muito maior. Vou construir 70 Hospitais Dia, 10 na Região Metropolitana e 60 para serem distribuídos em todas as regiões do Estado. A sua região, de Buri, estará coberta.

Também vamos apoiar e fortalecer as Santas Casas e os hospitais universitários, ampliar a atenção domiciliar e garantir a cobertura do SAMU em todas as cidades com cofinanciamento como determina a legislação. Ainda faz parte de nossa proposta garantir o acesso da população carente a medicamentos, apoiando os municípios no abastecimento de remédios básicos (Dose Certa) com a reorganização das Farmácias Regionais de Medicamentos Especializados de alto custo. Além disso, temos o compromisso de desenvolver o Complexo Econômico e Industrial da Saúde paulista a partir do uso do poder de compra pública do SUS e fortalecer os Institutos de Pesquisa como Butantã, Pasteur e Adolfo Lutz.

 3ª pergunta - Entra governo, sai governo e nossa região, chamada por alguns deputados estaduais de 'fundão', dificilmente tem uma atenção especial por parte dos governos paulistas, seja na saúde, infraestrutura, desenvolvimento. Tanto é que aqui se encontram as cidades com os menores IDHs do Estado e talvez por isso somos conhecidos como 'ramal da fome'. Tem algum plano que vise proporcionar mais qualidade de vida para essa população e mudar o atual cenário de forma que nossa região sinta-se também acolhida pelo governo?

São Paulo é grande e forte por causa de toda a sua população, de todas as suas cidades, de todas as suas regiões. Acabou essa história de esquecer o Interior ou lembrar dele apenas na época de eleição. Acabou essa história de construir escolas e hospitais, colocar asfalto novo, reforçar a segurança ou aparecer com soluções mágicas depois de quatro anos de um governo de abandono. Caso seja eleito, nosso governo será para o Interior, para a Baixada Santista e para a Capital. Todas as Regiões Metropolitanas e municípios menores. E não interessa a bandeira partidária do prefeito. Desde o meu tempo como ministro da Educação, quando falava com governos de todo o Brasil, vamos estar sempre abertos para o diálogo, às boas ideias e ao investimento inteligente e eficiente. Valorizando o agronegócio que não garante divisas e crescimento econômico, mas também população muito bem alimentada. De imediato, vou zerar o ICMS de todos os produtos da cesta básica e da carne. Vamos aquecer a produção, viabilizar um melhor escoamento e permitir que as famílias se alimentem de forma digna. Queremos que as pessoas, em todas as regiões paulistas, tenham emprego, comida na mesa para a sua família, possibilidade de ensino de qualidade para os filhos, saúde bem equipada por perto e segurança para viver com tranquilidade. Estaremos muito presentes nas cidades com políticas públicas fortes, parcerias em diversas áreas, investimentos, valorização de cada característica no mapa de São Paulo.

 4ª pergunta - A Violência não é mais exclusividade de grandes centros. Buri mesmo já foi alvo de quadrilhas especializadas em ataques a bancos, ao menos 3 vezes e isso causou impacto negativo numa economia que já não é das melhores. Sem mencionar outras modalidades de ações criminosa que ocorrem deliberadamente na zona urbana e rural do município. Qual seu plano em relação a segurança pública?

Vou chamar pra mesa do governador a responsabilidade da segurança e vou mudar a realidade do Estado de São Paulo. Segurança pública democrática e cidadã: essa será a prioridade da nossa gestão. A alta de furtos e roubos, assaltos espetaculares a bancos no Interior e os crimes digitais fazem crescer a sensação de insegurança em todos nós. Policiais estão insatisfeitos com promessas não cumpridas, sucateamento das forças e déficit de pessoal. Temos a 5ª polícia pior remunerada do Brasil. Concentramos 34% dos roubos e furtos do País, chegando a 38% em furtos de celulares, e 30% dos casos de estelionato. Vamos trabalhar para aumentar a autoestima e valorizar a carreira de nossos policiais, garantindo melhores salários, condições de trabalho, formação continuada e suporte psicossocial.

Vamos criar ainda os Círculos de Segurança nas áreas com maior incidência de roubos e furtos, começando pela Capital e pelas cidades da Grande São Paulo; depois, onde mais for necessário, inclusive na região de Buri. O primeiro perímetro vai contar com uma base policial; o segundo, com patrulhamento a pé e de bicicletas e o terceiro com patrulha motorizada. Os círculos vão inibir a ação criminosa em áreas de maior incidência de roubos e furtos. Sabemos que, a cada ano, o Estado de São Paulo tem menos policiais, o que dificulta diretamente o patrulhamento das ruas e a investigação de crimes. Eu vou aumentar esse efetivo, reestruturar a carreira desses profissionais e estabelecer um piso salarial da categoria, que merece mais respeito.

Considerações finais, sendo possível mencionar algum tema que porventura não tenha sido questionado e/ ou proposta, tanto para a cidade, quanto para a região.

O Estado de São Paulo merece um governo que trabalhe realmente para todos. Um governo que combata as desigualdades e gere emprego e renda, que coloque o estado em uma trajetória de desenvolvimento sustentável e inovador, e que recupere a capacidade de planejamento. O nosso Programa de Governo, por exemplo, é o resultado de um processo de muito estudo e, sobretudo, muita escuta pelos quatro cantos paulistas. Venho percorrendo há mais de um ano todo o estado e ouvindo as necessidades e propostas de cada região. Temos muitos sonhos a serem realizados. Mais do que sonhos, temos a esperança de realizá-los. Em um tempo tão singular e determinante da história da nação, acredito que o melhor para o Brasil é um estado de São Paulo inovador e criativo; líder nacional na transição energética para uma economia de baixo carbono; que enfrenta as desigualdades cuidando das pessoas; e que adota uma gestão inteligente, recuperando a sua capacidade que sempre foi motivo de orgulho. São Paulo precisa de renovação e inovação. Ao lado de todos os paulistas, eu estou pronto para esse desafio. Estou pronto para São Paulo.

*As mesmas perguntas foram encaminhadas às assessorias dos candidatos ao Governo do Estado que despontam nas pesquisas, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB) e assim que respondidas, também serão publicadas.