Os filhos, genro e netos foram trazidos no baú de um caminhão, diz mãe. Foto: Polícia Civil de Buri / Divulgação.

Os seis integrantes da mesma família que foram resgatados pela Policia Civil em condições semelhantes a escravidão em uma fazenda em Buri (SP) ontem, partiram de Piraju (SP) na última sexta feira (10) dentro de um caminhão baú, em busca de emprego combinado pela internet, de acordo com a mãe de dois deles e vó das três crianças.

Ela procurou a imprensa devido ao tempo que ficou sem contato e notícias da família. Na ocasião ela os deu como desaparecidos e disse ter estranhado algumas situações, dentre elas, a maneira com que foram transportados. O caso repercutiu e desde então passou a ser acompanhado pelo Buri Conectado.

Na última segunda feira (13) ela informou ao BC que havia recebido informações de que os filhos estavam bem e que havia conversado com a filha, que confirmou a falta de rede de telefonia na propriedade. 

"(...) realmente na fazenda onde eles se encontram não tem disponibilidade de rede de celular. Eles tem que ir num, fica longe lá da fazenda pra conseguir dar área né?(...) "

 Durante a manhã desta quarta feira (15) a reportagem do BC foi procurada pela mãe, que também procurou a Polícia de Buri e atualizou a situação dos filhos, genro e netos. A pedido dela, por questão de segurança, o caso só foi divulgado após a conclusão do trabalho da Polícia.

"(...) na verdade até as noticias que a gente tinha né, que chegaram bem e tudo. Só que, os meus meninos estão sendo mantidos praticamente em cárcere privado. A mulher buscou eles, fizeram um acordo deles pagar a viagem mensal e uma compra no valor de quinhentos reais que ela tinha feito, então dava mais ou menos mil e quinhentos reais de despesa que eles iriam descontar. Ai quando foi ontem o capataz dela foi pra cima da minha família lá, do meu genro com faca em punho e disse que ninguém saia da fazenda e ninguém entrava até eles pagarem os três mil reais. Já estão quase sem comida e a mulher alegou que iria tirar a água" disse. 

Na propriedade.

Ao adentrarem na casa onde a família estava alojada, os policiais notaram que as condições eram precárias. Na residência não haviam móveis, exceto uma tv. O fogão era a lenha. A Polícia identificou ainda que não haviam camas e que a família dormia em colhões espalhados pelo chão.

Além deles, outros moradores da região, que segundo a Polícia vivem em condições semelhantes, confirmaram a versão da família. Por conta da situação, a Perícia foi solicitada e os demais conduzidos para serem ouvidos na Delegacia de Polícia de Buri.