Francesco Ganci tem 65 anos e segundo ele, já passou por pelo menos 04 procedimentos cirúrgicos (02 substituição de válvulas 'MITRAL' e outras 02 "AORTA') além de ser portador de marcapasso.

Desde 1980 data em que realizou a primeira cirurgia, sua rotina quanto a cuidados médicos, exames laboratoriais e medicamentos passou a ser regrada.

Mas esse ciclo de cuidados foi interrompido, pois Francesco deparou-se com as 'cotas'. O idoso disse que ao chegar na Secretaria para solicitar os '18' exames - sangue -  conforme sugerido no laudo médico, teria sido informado que não haviam mais cotas e que ele deveria retornar em dezembro.

" Não dão nenhum comprovante" disse.

A cota informada a ele é uma nova regra utilizada pela Secretaria de Saúde Buri, para que os exames laboratoriais não deixem de ser realizados na sua totalidade, até o fim desse ano . Isso ocorreu depois que o valor total pago pelo governo municipal para custeio desses exames ao longo dos 12 meses, foi estourado ainda em junho.

Recentemente nós conversamos com a secretária de saúde Iveline Cariati que nos informou ter sido preciso aditar 25% do valor da licitação, para dar conta de oferecer o serviço, pelo menos à pacientes que estejam dentro dos critérios de prioridade estipulados. Entre eles, gestantes, auto custo, pacientes em tratamento em Jaú e beneficiários do bolsa família. Reveja a matéria

Em entrevista recente ao Buri Conectado o prefeito Omar Chain reconheceu o problema e disse que quanto aos exames, a prefeitura teria sido 'mão aberta'.

O idoso informou também que tentou falar com a secretária de saúde, mas ela não se encontrava. Mais tarde ele teria procurado a prefeitura, para falar diretamente com o prefeito.

Francesco disse que saiu chateado com a resposta que chamou de 'curta e grossa'. "Cotas esgotadas, veja se consegue marcar os exames em dezembro" relatou o idoso.

Já em casa, em conversa com a diarista que prestava serviços em sua residência, Francesco teria sido informado por ela, que também precisava agendar exames laboratoriais. Segundo ele, momentos depois ela saiu e retornou dizendo que havia conseguido o agendamento através dos atendentes da farmácia de auto custo, junto a Secretaria.

Imediatamente o idoso foi até lá solicitar a eles o agendamento de seus exames, informando-os que tinha retorno médico no próximo dia 30 no Hospital das Clínicas - SP.

Francesco teria sido informado que não seria possível e questionando sobre sua diarista ter conseguido momentos antes, teria sido informado que foi em virtude da mesma trabalhar na farmácia de auto custo.

Indignado, Francesco Ganci procurou o Ministério Público e relatou através de um 'Termo de Declaração' o ocorrido. Inclusive todo conteúdo dito por ele até aqui, estão disponíveis nesse documento.

Nós fomos até a farmácia de auto custo para entender o que havia ocorrido. Conversamos com o farmacêutico Gabriel Comeron que explicou os procedimentos.

Ele disse que os pacientes que pegam medicamentos de auto custo, não precisam aguardar a liberação das cotas, já que eles estão incluídos no grupo de prioridades. Trata-se de pacientes que tomam medicamentos e que muitas vezes submetem-se a exames para a continuidade deles. Ele também negou que tenha havido 'favorecimento' no caso da diarista citada pelo idoso.

"As pessoas que veem aqui, pegam medicamentos de auto custo, algumas precisam dos exames e nesse caso já carimbamos o pedido aqui e enviamos para a Secretaria para o agendamento, por se tratarem de pacientes inclusos nos critérios de prioridade" disse.

Por Buri Conectado